domingo, 6 de dezembro de 2009

Analisando tudinho em detalhes


     O jogo entre Flamengo e Grêmio não foi mais uma mera partida qualquer, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro Série A 2009. Tudo começou nos bastidores, fora das quatro linhas. Muita polêmica e muita confusão. Com a possibilidade real de quatro equipes serem campeãs, era o principal jogo da rodada, do ponto de vista do título, pois o Flamengo, até então com 64 pontos, era o único que dependia apenas da sua qualidade técnica e do seu mérito para ser campeão. Internacional, Palmeiras e São Paulo dependiam de combinações de resultados, todas elas partindo de uma em comum: justamente a do Flamengo não vencer o Grêmio.
     Depois, a venda de ingressos. Todos os ingressos vendidos. Pra se ter uma idéia da dimensão do quão importante é a partida, esgotaram-se inicialmente a quantidade de ingressos destinada a torcida da casa, ampla maioria. Sorte que, dos destinados à venda para a torcida adversária, aproximadamente 5.000 retornaram. Apenas em torno de 1.000 gremistas no Estádio. Pronto, armado o barraco. Instalou-se o circo. Torcedores fanáticos dois dias seguidos acampados sem tomar banho, na fila, esperando pra comprar o ingresso pro jogo. Valeu inclusive gazear o trabalho. Pronto, confusão à solta. Tentativas de furar a fila indiana inicialmente formada e ameaças de roubo de ingressos comprados fizeram a Polícia Militar aparecer no local e soltar bombas de efeito moral. Teve até torcedor infectado pela síndrome botafoguense, a do chororô. Chorou o quanto podia na frente das câmeras da Globo pra conseguir um ingresso. Teve mais sorte que juízo, a emissora de televisão se sensibilizou, foi atrás e encontrou a identidade do rapaz e, contando com a generosidade da mãe do atacante Adriano, conseguiu um ingresso, doado por ela.
     A partida, em si, foi pura emoção. Bastava o Internacional ganhar do Santo André, agora rebaixado, e o Flamengo empatar com o Grêmio pro vice-líder gaúcho ser campeão depois do título invicto 30 anos atrás. Por isso, como o Flamengo dependia apenas de uma vitória de  si mesmo, especulou-se que o Grêmio facilitaria a tarefa rubro-negra, e foi o que o próprio tricolor gaúcho deu a entender durante a semana, inclusive dando férias antecipadas a vários jogadores e entrando em campo com apenas três titulares. Os torcedores gremistas não queriam ver os colorados festejar. Lá no Rio Grande do Sul a rivalidade é muito ferrenha.
     Na prática, não foi o que se confirmou. Se o Grêmio estivesse brigando por algo, certamente o Flamengo não venceria e, de fato, o rival gaúcho seria campeão. Quando o Grêmio abriu o placar, o Internacional já estava com 2 x 0 no Santo André. Pra piorar, o São Paulo já fizera dois (e depois três) no já 100% rebaixado e lanterna Sport, jogando o rubro-negro carioca pra terceiro. Felizmente, o Grêmio ficou na dele e o Flamengo foi pra cima, com atitude, dignidade, raça, ambição, respeito ao torcedor, e virou, com dois gols de zagueiros. No primeiro tempo, empatou com David, e no segundo, virou com Ronaldo Angelim. Festa e hexacampeonato pós 17 anos de jejum.
     Bonita a homenagem que Bruno fez a Zé Carlos, ex-goleiro do Flamengo, que faleceu esse ano, vítima de câncer, justamente na semana que Andrade assumiu o comando técnico do Flamengo. Bruno jogou com uma camisa com o nome de Zé Carlos estampado atrás. Zé Carlos havia sido, até então, o último goleiro a atuar pelo Flamengo campeão brasileiro.
     Ano muito lucrativo pro Flamengo. Penta-tri-campeão Carioca em cima do tri-vice Botafogo, Campeão Brasileiro,  classificação pra Libertadores, quebra de jejum, mais um feito e fecha um ano com muita glória, mérito e honra. O time foi o melhor de todo o Estado do Rio de Janeiro, o melhor do país depois de 17 anos, empatou em títulos com o São Paulo (6), teve um jogador artilheiro do campeonato depois de 27 anos (Adriano, com 19 gols, empatado com Diego Tardelli), fez de Andrade o quarto da história a ser campeão brasileiro como jogador e técnico (Como jogador: 4 títulos pelo Flamengo e um pelo Vasco), e se classificou pra principal competição intraclubes sul-americanos, a Copa Santander Libertadores da América, já, ao lado de Corinthians, 100% garantido já antes da última rodada.
      Cinco pontos são imprescindíveis pro Flamengo ano que vem: manter Adriano, Bruno e Petkovit, contratar um zagueiro e um atacante. Só assim pra ser favorito na Libertadores, como todo campeão brasileiro o é.

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