Outro trecho do blog do Arthur Muhlenberg (grifo meu):
É indiscutível que a eleição do
Flamengo do dia 7 de dezembro é a mais importante dos 114 anos do
clube. Não apenas pela necessidade premente do maior clube do Brasil se
adequar ao século XXI, através da implementação do regime profissional
pleno, regime que desde 1936 é restrito a alguns atletas olímpicos e
aos profissionais do futebol. Mas, principalmente, porque o mandato do
próximo presidente do Flamengo coincidirá com os preparativos para os
dois maiores eventos esportivos da história do país, Copa do Mundo e
Jogos Olímpicos.
Ai do clube que não tiver dirigentes
preparados para se beneficiar da caudalosa corrente de investimentos
públicos e privados que irrigará não só os combalidos cofres dos
clubes, mas também a árida política nacional de esportes. Para tal é
preciso que o dirigente esteja qualificado para lidar em igualdade de
condições tanto com o poder público como com os demais players do
bilionário mercado de esportes e entretenimento (que a cada dia são
mais a mesma coisa). E clubes como o Flamengo, que é além de popular é
também um formador de atletas, tem responsabilidade redobrada nessa
questão.
O Flamengo precisa oxigenar e renovar
seu quadro social. Para tanto se faz urgente uma profunda modernização
da sede social da Gávea, hoje incapaz de atrair até mesmo os velhos
sócios, imaginem os novos. Também é fundamental que o Flamengo seja
capaz de rentabilizar a sua jóia mais preciosa, a torcida, contingente
de 35 milhões de consumidores que até hoje nunca foi devidamente
explorado. Para isso é preciso implantar métodos de marketing e
gerenciamento compatíveis com o mercado, o que implica em mudança no já
ultrapassado estatuto de 1992. Mudanças no estatuto que demandam uma
formidável articulação política.
Resumindo, o caderno de obrigações do
próximo presidente do Flamengo requer uma abordagem pra lá de
profissional. É mais do que evidente que a situação do Flamengo exige
muito mais do que a condição de amador e dirigente voluntário tem a
oferecer.
Enquanto sócio e torcedor me agrada
imaginar a idéia de que os seis candidatos remanescentes na disputa
pudessem firmar um pacto em torno de um nobre compromisso: a reforma
estatutária do Flamengo. Essa é a mudança que permitirá a modernização
da gestão do clube.
Sem um novo estatuto não haverá
implantação de unidades autônomas para gerir o futebol, o remo, os
esportes olímpicos e a parte social, dirigidas por profissionais
recrutados no mercado, com metas a cumprir e prêmios por desempenho.
Sem um novo estatuto não haverá como o Flamengo se adequar à nova Lei
das Sociedades. Conseqüentemente o Flamengo se afastará ainda mais das
verbas federais de incentivo e continuará a perder espaço para os
clubes com gestão empresarial. E estes são apenas dois itens da imensa
lista de vantagens que o Flamengo abre mão em função do arcaísmo de sua
lei maior.
Sob essa perspectiva, a próxima eleição
assume um caráter ainda mais dramático e decisivo. Eleger o próximo
presidente será o equivalente a eleger uma assembléia constituinte para
definir o futuro do Clube de Regatas do Flamengo. Os níveis de
absenteísmo observados no pleito de 2006 são simplesmente
inadmissíveis. Espera-se que os cerca de 5600 associados em condições
de votar atentem para a importância desse momento e exerçam seu
direito. Ou melhor, que cumpram seu dever. E votem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário